13 de jul. de 2010

A comercialização da violência


Há tempos os canais de televisão (entenda por aqui Globo e Record principalmente) recorrem ao recurso da novelização numa disputa mesquinha por mais pontos de audiência. Peguemos o tal caso Bruno. mesmo que todos os indícios apontem que ele seja mesmo o culpado, ele nem foi julgado ainda. Mas os jornais o tratam como um grande vilão e a Elisa, a mocinha da novela criada, como a vítima da história. E os telespectadores assistem ansiosos pelo próximo capítulo. A Josi Woodstock, do Pop Nutri, escreveu este texto abaixo sobre a comercialização da violência.

Primeiramente sinto-me na obrigação de avisá-los que escrever este texto não é de modo algum uma tarefa que traz satisfação ou prazer. Escrevo de forma indignada, com a paciência esgotada de uma cidadã inconformada com a comercialização da violência.

Não pretendo citar nomes, não devo dizer qual, ou melhor, quais são os crimes que me refiro, porque a imprensa nacional já fez questão de deixar isso bem claro, tão claro que ânsias surgem quando ouço repetidamente detalhes dois casos brutais, pupilos dos jornalistas nestes dias, deixando-nos carentes de quaisquer outras informações com conteúdo relevante.

Muito mais do que detalhes, precisamos de desfechos justos.

Os telejornais se tornaram episódios insuportáveis da confirmação de que o sensacionalismo barato é suficiente para manter sentados na frente da TV, indivíduos que mesmo em busca da punição para os culpados se deixam levar por simulações, depoimentos e imagens de criminosos que nem de forma ilusória serão repreendidos ao mesmo nível de suas ações contra a sociedade.

A perspectiva para que esses assuntos deixem de ser manchetes nos próximos dias não é das mais animadoras. Fatos mais cruéis, de forte impacto na comunidade mundial são necessários. Quem sabe um ataque terrorista em massa, um acidente onde não haja sobreviventes ou alguma criança sendo defenestrada pela janela.

Cultura, meio ambiente, música... Ah, dentro de uma corrida para ver quem consegue mais audiência através da captação de atos de natureza irracional, que apodrecem ainda mais o caráter humano, esses se tornam detalhes irrelevantes, dignos uma citação aqui ou acolá, ou então quando sobra tempo ou espaço na pauta. A paz não importa, o mundo não importa, a vida definitivamente não é importante.

Chegando ao final, devo esclarecer que essa postagem deve ser entendida como uma revolta presenciada por mim enquanto tomava café em minha casa, ouvindo as palavras de minha mãe, que se sentia impotente diante da vontade de mandar um e-mail para as grandes emissoras de TV e não conseguir, pedindo o fim da comercialização da violência, algo do qual compartilho a mesma opinião.

Faz-se em minhas palavras, o protesto de Dona Maria Luiza, minha mãe.

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