29 de jul. de 2009

O pior emprego do mundo

Seu emprego é uma merda? Talvez, mas provavelmente está longe de ser a pior profissão do mundo.

Mulheres, imaginem esvaziar fossas e carregar os excrementos humanos numa cesta sobre a cabeça. É do mal, mas pode ficar pior: espere chegar a época das monções para as chuvas diluírem as fezes, que fatalmente escorrerão em seu rosto e roupas.

Já os homens, pensem num bueiro onde, ao abrir, saiam baratas e ratos. Quando o movimento diminuir, mergulhe no caldo fétido e escuro, só de tanga fio-dental, para desobstruir as tubulações. Nada de luvas nem máscaras para amontoar do lado de fora a massa escura feita de fezes, absorventes femininos, camisinhas e embalagens plásticas. No máximo, pás, baldes e carriolas. Muitos morrem afogados no excremento ou envenenados pelo gás metano- resultante da fermentação das fezes- que se acumula nas galerias e ainda causa explosões letais.

Esse é o trabalho dos 650 mil scavengers indianos. Em inglês, scavengers são os animais que se alimentam de carniça, mas, na Índia, a palavra se tornou apelido para a profissão daqueles que nasceram na fossa da hierarquia hindu. Os dalits são a mais baixa casta, mas mesmo eles, os intocáveis, estão divididos em subcastas. Para grupos como os bhangis, pakhis, balmikis e sikkaliars, o cocô é a opção única- e hereditária. Pouca gente parece se incomodar com isso na sociedade indiana. Tanto que os mergulhadores de bueiros são contratados por empresas a serviço do poder público em cidades como Mumbai e Nova Délhi.

E eu que reclamava do meu emprego.

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