30 de jun. de 2010

Pelas copas

Eu era novo demais pra lembrar da vitoriosa Copa de 1994. Quer dizer, lembrar dela ao vivo, porque meu pai não se cansava de falar dela e porque já tinha assistido a gravação da final umas mil vezes. Desde minha mais tenra idade eu já conseguia compreender que aquilo era muito importante para todos os brasileiros e que o Brasil era a melhor seleção do mundo. Falaram tanto isso, que quatro anos depois, quando eu já era velho o bastante, ninguém duvidava que o Brasil fosse ganhar a Copa de 98. Afinal, era a melhor seleção, campeã do mundo, e ainda tínhamos Ronaldo, que na época nem de Fenômeno era chamado. Era certo. E depois daquela partida sofrida contra a Holanda então, decidida nos pênaltis, a certeza pareceu aumentar ainda mais. Mas todos lembram o que aconteceu. O Brasil não perdeu para a França, foi subjugado por elas. 3 a 0 e ainda tem que ficar feliz por não ter perdido por mais. O Ronaldo, maior esperança do time, jogou tão mal que parecia que havia acabado de conhecer uma bola. Enfim, o ego dos brasileiros ficou lá embaixo e por anos só se comentava em uma revanche do Brasil com a França.
Depois dessa Copa a seleção brasileira caiu ladeira abaixo. Começou a empatar em amistosos com times insignificantes, como Venezuela e Chile, e mal ganhava contra as seleções mais fortes. Quando chegou na copa de 2002 ninguém mais acreditava. Diziam que o Brasil ia sair na primeira fase, e eu não duvidava nem um pouco disso. A seleção mal tinha se classificado!
Com o passar dos jogos vi a seleção crescer, atropelar a Inglaterra e vi florescer pouco a pouco a mesma confiança nas pessoas que conheço e nas em quem eu nunca tinha visto na vida pelo time do Brasil. Por algumas horas esquecíamos dos nossos problemas e nossas diferenças e nos uníamos para formar uma corrente positiva. Eu sei, estou divagando aqui. E na luta, chegamos na final, com a seleção mais temida da Copa, que só tinha levado um gol até ali: a Alemanha. Ironicamente, Ronaldo (agora sim, Fenômeno) não marcou um, mas dois. Lá se ia o fantasma a última copa. Até chegarmos na copa de 2006...
A copa de 2006 foi a que menos me marcou. A seleção foi tão apática, que não sinto nada quando lembro dela. Só me lembro que confirmamos nossa vocação para ser freguês da França.
Agora estamos nas quartas-de-final e apesar da euforia nacional da goleada acachapante em cima do fraquinho do Chile, eu ainda acho que é mais fácil, e até mais merecido até o momento, que a Argentina ganhe. Claro que torcerei para o Brasil e tudo, mas não serei eu a gritar já e agora que o Brasil vai ser hexa e tá acabado. Que já é campeão. Prefiro deixar isso pra depois da final. 

3 comentários:

  1. Anônimo9:32 AM

    Comecei a ficar alienado no mundo futebolístico, em 2008. Copa do Mundo, só a atual. Mas é impossível e impensável num país onde denominamos de "País-do-Futebol" não saber do passado de nossa seleção. Entretanto, é impossível esquecer também em 2006. Não acompanhava futebol, mas tinha alguma noção, eu já tinha 10 anos. E foi frustrante, apavorante, e vitalício diante de olhos que queriam entender o que acontecia numa partida onde tudo parecia ser ficção. "Mais uma vez para França". Era só isso que uma criança de 10 anos ouvia no meio de milhares de trouxas que confiavam numa seleção com um imenso e brilhante salto alto. Enquanto a 2010, estou também confiante na Argentina. Belo texto e belo blog. Está entre meus melhores. Parabéns, Murilo!

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  2. Agora eu me senti velho! hahahaha

    A primeira copa do cara foi a de 2008. hahahaha

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