4 de fev. de 2010

As biografias não autorizadas nunca mais serão as mesmas

Quando algum estudioso resolvia escrever uma biografia sobre uma grande personalidade recorria sempre aos mesmos métodos: ler correspondências, entrevistar amigos e parentes, procurar documentos, etc. Hoje a internet abre novas possibilidades a esse tipo de trabalho. São posts em blogs, tweets, comunidades no Orkut, podcasts, comentários em textos da internet que podem dizer mais sobre alguém do que qualquer outra coisa. Se quiserem fazer uma biografia do Cardoso, por exemplo, vai dar pra saber só pelo seu Twitter que ele era um fã de Dr. House, odiava a Globo e tinha uma quedinha não assumida pela Twittess.
É claro que não dá pra confiar em todo o material encontrado na internet. As pessoas não hesitam em mentir nela. Vide alguns artigos da Wikipedia ou blogs e perfis fakes no Twitter. Precisa-se conferir se o material é de fato verdadeiro, checar se tal foto não se trata de uma montagem, se quem realmente atualizava o blog era a pessoa sobre quem você escreve e uma outra infinidade de recursos que alguém cuidadoso e experiente precisará tomar. Ninguém falou que remontar a vida de uma pessoa é fácil. Mas também é burrice descartar esse material por não ser de plena confiança. É rico em informações e por meio dele pode-se descobrir informações que nem mesmo parentes seriam capazes de dar.
Só uma coisa me preocupa nisso tudo. Se por acaso um dia eu ficar famoso, rico, importante, coisa e tals e algum desocupado a fim de uma grana colocar na cabeça que vai escrever um livro sobre a minha vida. O Brasil inteiro ia saber de coisas sobre mim que falei quando eu um completo anônimo, como quando soltei fogo em um feirão de móveis usados, que fiquei preso por catorze horas num elevador lotado ou quando esqueci de colocar a calça antes de sair de casa.

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