17 de jul. de 2011

Um bom emprego


Ao contrário do que a grande maioria das pessoas pensam ser um narrador de histórias é apenas uma profissão como qualquer outra. Tão comum e sem glamour quanto ser padeiro. Duvida? Me diga na minha cara quantos narradores você entre seus amigos, na sua família? Viu só? Permanecemos anônimos na sociedade! Os escritores, essa calhorda de fanfarroês, icam com todo o crédito! E, no final, nem podemos revelar nossos nomes ao público. É só pegar aquela mixaria que eles pagam e sair de fininho. De preferência sem ser visto.
Apesar das péssimas condições de trabalho, existe um orgulho intrínseco entre os narradores na arte de contar histórias. Poucas são realmente boas, mas quando são! É como se os firmamentos dos céuis fossem demolidos, todos de uma só vez, e um milhão de anjos tocassem a mais divina música apenas para nós. Tanto isto é verdade que sempre realizamos em fins de dezembro um encontro mundial de narradores, com fins de dividirmos nossas experiências com outros colegas de profissão. Sem falar que é uma rara oportunidade de reencontrar grandes contadores, do passado e do presente, como Magnus, da Ilíada e Odisséia, Albert Fish, Moby Dick, Aloísio Ferreira, Dom Casmurro, entre centenas de outros.
O quê? Não, não e não. Os narradores de O Coração das Trevas e Guerra e Paz, não. Esses caras são uns chatos!
Por menor reconhecimento e dinheiro que ganhemos nada nos faria abandonar essa profissão. Nem por um dia, muito menos por toda a vida. Diante de tal prazer, o fato de atrasar o aluguel todo mês até passa despercebido.

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